Uma bofetada mais forte que o vento.

Uma bofetada mais forte que o vento.
A não homologação de sua candidatura, não apenas soa como um bofetada em cada torcedor atleticano, como também sinaliza que o clube, se tornou uma estrutura fechada e nada transparente

Ao contrário do que disse o Bolívar, não é nenhuma surpresa o fato dele não ter conseguido o número suficiente de assinaturas de conselheiros para homologar a sua candidatura à presidência do Atlético.

Nesses últimos três anos foram inúmeros os artigos, cuja quantidade eu não saberia precisar, que escrevi chamando a atenção para pontos extremamente delicados e, a meu ver, totalmente negligenciados pelo Atlético na criação de sua SAF e na cessão de seu controle acionário.

Também foram inúmeras as Lives que ou conduzi ou participei nas quais também chamei a atenção de tantos quantos as assistiram sobre estes pontos de extrema importância para o clube.

Senti-me quase sempre uma voz solitária pregando no deserto. Alegrava-me ler algumas poucas postagens no Twitter, ver um ou outro raro vídeo no Youtube ou receber algum post no WhatsZap contendo alguma crítica interessante ou um alerta sobre os cuidados que o clube deveria ter na constituição de sua SAF.

A SAF tornou-se realidade e, por mais absurdo que possa parecer, o clube continua regido por um estatuto ultrapassado e mambembe que em nada o protege e que não consegue defender aqueles direitos que deveriam ser considerados pétreos, inalienáveis.

Quem pode garantir que o Atlético, na condição de clube originário, tem garantido o poder de veto previsto na Lei da SAF em relação a valores, propriedades culturais, à preservação de sua identidade, como símbolos, brasão, escudo, mascote, nome, cores, endereço, cidade sede, e ainda na definição de futuros acionistas e controladores da sua Sociedade Anônima do Futebol?

Ver e ouvir um pré-candidato à presidência do clube defender estas bandeiras não deixa de ser reconfortante. Poderia dizer que antes tarde do que nunca uma voz importante se levantou em defesa do clube.

A não homologação de sua candidatura, entretanto, não apenas soa como um bofetada em cada torcedor atleticano, como também sinaliza que, a exemplo do clube, a SAF atleticana também se tornou uma estrutura fechada e nada transparente.

Oposição zero nunca é salutar. A ausência de crítica, de vozes divergentes que proponham caminhos alternativos de forma construtiva e que tirem os comandantes de sua zona de conforto não é interessante para nenhuma entidade, associação, parlamento ou governo.

Há ainda algo que possa ser feito para democratizar a relação clube/SAF, mantendo a independência, a voz e a identidade do clube?

Se nada puder ser feito, o esforço do Bolivar terá sido em vão? Só resta ao torcedor desistir? a SAF é mais poderosa que o vento?

A seguir, vídeo da carta aberta de Frederico Bolivar

Fotos: Reprodução/Redes sociais
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Max Pereira

Atleticano e humanista. Um povocador nato. Engenheiro e Auditor Fiscal aposentado. Escritor nas horas vagas.